Monday, May 29, 2006

Vantagens e Desvantagens da Criopreservação

Criopreservação de Células estaminais


A criopreservação de células estaminais tem vindo a aumentar o interesse na comunidade científica portuguesa. De tal modo que, num espaço de alguns (poucos) anos, foram criadas três empresas que oferecem este serviço: Crioestaminal, Bioteca e Bebevida.

As células estaminais são células pluripotentes que podemos encontrar nos embriões, no sangue do cordão umbilical e mesmo em adultos. Estas células podem vir a diferenciar-se em qualquer dos cerca de 200 tipos de células especializadas que constituem o corpo humano.

Estas células, no caso de um indivíduo com uma doença, cuja terapêutica possa residir nas células estaminais, pode receber um transplante das suas próprias células e, deste modo, reduzir o risco de rejeição do transplante.

No entanto, para o indivíduo receber estas células é necessário que estas lhe sejam retiradas.

No estado adulto, é muito complicado isolar células estaminais e, apesar destas poderem ser encontradas na medula óssea e na mucosa nasal, no caso de o paciente ter algum tipo de leucemia ou outra doença relacionada, a extracção de células da medula não seria possível. Também a extracção de células da mucosa nasal é apenas viável no caso de tratamentos de lesões pequenas.

É por isso que, cada vez mais, as pessoas procuram a criopreservação de células do cordão umbilical.

Esta criopreservação, feita pelas referidas empresas, implica a obtenção de um kit para recolher o sangue do cordão na altura do nascimento e o pagamento de cerca de 1000 euros pelo congelamento das células durante cerca de 20 anos. A taxa de sucesso da criopreservação é de cerca de 85%.

Tendo em conta que as células provêm do cordão umbilical, que seria descartado após o parto, não havendo qualquer tipo de risco para o bebé nem para a mãe, não se põem as questões éticas relativas ao estatuto de embrião, normalmente associadas a este tipo de terapêutica.

No entanto, podem surgir questões éticas relativas ao modo de funcionamento do serviço e informação ao paciente:
- não é explicado aos clientes deste serviço as reais possibilidades de utilização e preservação das células estaminais

Não é explicado aos pais, ao adquirirem o kit, que existe a possibilidade de não existirem células estaminais no sangue do cordão, ou que o seu número seja tão baixo que não valha a pena o seu congelamento.

Nos sites das várias empresas, é apresentada uma vasta lista de doenças para as quais a terapia poderia passar pelas células estaminais. No entanto, o sangue congelado é tão pouco que um transplante apenas seria possível em crianças de tenra idade, ou se o número de células pudesse ser aumentado, por exemplo através de clonagem.

Estas células poderiam ser usadas pelo próprio ou por algum familiar. No entanto, as reais possibilidades de um indivíduo vir a necessitar deste tipo de transplante até aos 20 anos é muito baixo e não está provado que as células estaminais possam ser preservadas, com todas as suas propriedades, por mais de 15 anos.
Um transplante bem sucedido é influenciado pelo número de células estaminais existentes. Se o sangue tiver um número maior ou igual a 15 milhões de células estaminais, então a taxa de sucesso do transplante é elevada. Se a amostra apresentar um número inferior a 100 mil células, então este já é demasiado baixo para haver um transplante. Se o número de células for inferior a 20 mil, então essas células não são criopreservadas.

Na recolha das células é efectuado um controlo de qualidade rigoroso, calcula-se o volume de sangue recolhido, são efectuados testes de modo a verificar se o sangue sofreu contaminação bacteriológica, assim como contaminações de certas doenças como Sífilis, Hepatite B, Hepatite C, etc.


Por isso, se pensa nesta possibilidade, informe-se e fale com o seu médico de família antes de tomar qualquer decisão.

Andreia de Almeida
Inês Camacho
Susana Reis

Licenciatura em Bioquímica - Faculdade de Ciências e Tecnologia - Universidade Nova de Lisboa

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